Quando se trata da bateria de produtos
eletrônicos, como notebooks e telefones celulares, há muitas
informações e poucas certezas. A bateria deve ser usada até o
fim antes de o carregador entrar em ação? O efeito memória,
aquele que vicia a bateria, é verdadeiro? É necessário
desconectar o eletrônico da tomada quando a carga chegar aos
100%? O uso de produtos não-autorizados pelo fabricante pode
ser perigoso?
Para responder essas e outras perguntas, o G1 vasculhou
manuais de instruções de equipamentos eletrônicos — sim, eles
têm as respostas! – e também conversou com Marcelo Zanateli,
professor e coordenador do curso de engenharia de
telecomunicações da FEI. Confira abaixo o que é mito e o que é
verdade quando se trata de bateria de eletrônicos.
- Toda bateria deve ter sua carga usada até o final para, então, ser recarregada.
Mito. As baterias atualmente usadas em
equipamentos eletrônicos são as de polímero de íon de lítio, que
dispensam o cumprimento de ciclos completos de carga e descarga.
Por isso, o usuário pode ligar o equipamento à tomada antes de
acabar a carga.
Antes de deixar de lado esses cuidados, no entanto, confirme
se a bateria de seus eletrônicos é mesmo de íon de lítio –
algo bastante provável se eles foram adquiridos nos últimos
anos.
- Se a bateria for carregada antes de chegar ao fim,
sofrerá o efeito memória: precisará de mais carga antes
mesmo que a energia armazenada chegue ao fim.
Mito. Isso acontecia com as antigas baterias de
níquel — elas exigiam o cumprimento completo de um ciclo de
carga e descarga –, mas não se repete com as atuais baterias de
íon de lítio. Dessa forma, dizem os fabricantes, o usuário pode
carregar o eletrônico quando bem entenderem.
- Nunca posso parar de carregar um eletrônico antes de a carga chegar a 100%.
Mito. As baterias atualmente usadas em
equipamentos eletrônicos são as de polímero de íon de lítio, que
dispensam o cumprimento de ciclos completos de carga e descarga.
Por isso, o usuário pode desconectar o equipamento da tomada
antes a bateria estar 100% carregada.
Com o passar do tempo, o período em que a bateria retém a carga reduz.
- O período em que a bateria retém a carga diminui com o tempo.
Verdade. O período em que ela retém a carga
reduz, de acordo com a forma como ela é usada – quanto mais
cuidados por parte do usuário, maior a demora para essa
consequência negativa aparecer. Fato é que existe a
possibilidade de o consumidor ter de trocar a bateria do celular
ou notebook uma vez (ou até algumas vezes) durante a vida útil
desses eletrônicos.
Segundo a Apple, uma bateria removível mantida adequadamente está
projetada para reter até 80% da sua capacidade original em 300
ciclos de carga e descarga completas.
- O uso de carregadores e baterias não-autorizados pelo fabricante pode ser perigoso.
Verdade. Pelo fato de não terem passado por
controle de qualidade, os fabricantes desaconselham o uso de
equipamentos produzidos por empresas não-autorizadas. Nesse
casos, é possível que a carga da bateria dure menos tempo que o
esperado e que o carregador não pare de enviar carga, mesmo
quando a bateria já tiver chegado aos 100%. Sem garantia, o
consumidor insatisfeito não terá para quem reclamar.
- Os eletrônicos devem ser desconectados da tomada logo após a bateria encher.
Mito. Desde que os carregadores utilizados
sejam originais, eles identificam quando o carregamento da
bateria chegou a 100% e, então, param de enviar energia. Por
isso, não há perigo de sobrecarga quando os equipamentos são
todos originais.
“Se os equipamentos forem ‘alternativos’, no entanto, não há
garantia de que passaram por testes de qualidade. Nesse caso, a
energia pode continuar sendo mandada mesmo quando a carga
estiver completa, podendo causar superaquecimento e danos na
bateria”, explicou ao G1 Marcelo Zanateli, professor e
coordenador do curso de engenharia de telecomunicações da FEI.
- A bateria do notebook não pode ser guardada completamente sem carga.
Verdade. Os fabricantes dizem que, mesmo quando
guardada, a bateria guardada ainda pode perder carga: se ela já
estiver vazia, isso pode fazer com que perca completamente sua
função. Há controvérsias entre as empresas sobre a quantidade de
carga ideal para o armazemanento. Enquanto a Apple aconselha
50%, a Dell fala em 100%, por exemplo. O ideal é confirmar com o
fabricante de seu próprio eletrônico.
- A primeira carga do eletrônico deve sempre durar sempre mais.
Depende do que diz o manual de instruções. No
caso de alguns produtos, especialmente telefones celulares, os
usuários podem começar a usar a novidade sem dar qualquer carga
inicial. Já quando se trata de notebooks, é possível que o
consumidor tenha de encher a bateria durante o primeiro uso.
- O ideal é que o eletrônico seja carregado quando está desligado.
Mito. Os aparelhos podem ser carregados quando
estão ligados e em uso: neste caso, a única consequência
negativa é que pode levar um pouco mais de tempo para que a
carga chegue a 100%.
- Quando o notebook estiver em uso e ligado à tomada, o usuário deve retirar a bateria.
Mito. Marcelo Zanateli, da FEI, afirma que não
há qualquer benefício quando o usuário toma esse tipo de
cuidado. Quando o computador estiver conectado à tomada, diz o
especialista, tanto faz se a bateria está ou não encaixada na
máquina (isso porque o notebook usa como fonte a rede elétrica; a
bateria funciona apenas como uma “passagem” para a carga).
- Carregar o eletrônico sob o sol pode ser perigoso.
-
É importante realizar a carga dos eletrônicos em um ambiente arejado.
O processo de recarga dissipa calor, que deve ser jogado pra
fora do eletrônico.”
Verdade. A capacidade da bateria pode ser
danificada se o eletrônico for utilizado em ambiente com
temperatura acima de 35º C – os danos são ainda maiores se, sob
essa temperatura, o usuário carregar a bateria do aparelho.
“Além da temperatura, é importante realizar a carga em um
ambiente arejado. O processo de recarga dissipa calor e é
importante que ele seja jogado pra fora do eletrônico”, ensina
Marcelo Zanateli, da FEI. Por isso, nada de carregar aparelhos
dentro de gavetas ou em cima da cama, por exemplo.
- Periféricos associados ao notebook – impressoras e
câmeras digitais – consomem energia do portátil e, portanto,
gastam sua bateria mais rapidamente.
Verdade. O tempo da bateria diminui quando o
usuário executa operações como o uso de periféricos ligados à
máquina via cabo USB, de dispositivos de comunicação sem fio e
de unidades ópticas (CD, DVD).
- É possível ajustar meu notebook para que ele gaste menos bateria.
Verdade. Para selecionar a opção “econômica”,
os usuários do Windows devem clicar em Iniciar > Painel de
controle > Hardware e som > Opções de energia >
Selecionar plano de energia. A Apple também ensina, em seu site,
a configuração ideal para maximizar a duração da carga da
bateria.
- Usar carregador veicular pode prejudicar a bateria do telefone celular.
Verdade. Isso porque, se colocado no painel do
carro, por exemplo, é possível que a temperatura do telefone
celular aumente. Dessa forma, seus componentes dilatam, o que
podem causar mal funcionamento do aparelho. Outros ambientes
desaconselhados pelo professor Marcelo Zanateli, da FEI, são os
de praia, de piscina e também o banheiro, onde há umidade.
- As baterias de produtos eletrônicos não podem ser jogadas em lixo comum.
Verdade. Quando são jogados no lixo comum, as
substâncias químicas presentes nos eletrônicos penetram no solo,
podendo entrar em contato com lençóis freáticos – se isso
acontece, substâncias como mercúrio, cádmio, arsênio, cobre,
chumbo e alumínio contaminam plantas e animais por meio da água.
Com isso, é possível que a ingestão dos alimentos contaminados
intoxique os humanos.
E ai... como vai a sua bateria?
Fonte: zicanopc